sexta-feira, 29 de abril de 2011

Muro de pedras

(Eu, sentada num muro de pedras
Já meio caído por obra não sei de quem)

Neste campo, nem pasto nem mato
- só um trecho que o asfalto ainda não engoliu -
há um muro de pedras que a nada divide.
O muro está choacoalhado, obra de quem?
Desconheço.
Decresce e morre ao pé da árvore.
(o que em si nada diz senão que o muro caiu e a árvore ficou.)

Quem tiver poesia nas córneas, contemple
Quem a tiver fora, absorva
Por detrás, transborde.
Quem não a tem,
Pegue serra, cimento e areia,
Reconstrua o muro e corte a amendoeira.

2 comentários:

Guilherme Fonseca disse...

Sabe qual a diferença entre mim e vc, Manu?

Estou apaixonado. Quando penso na Ju , vários poemas e mais declaraçoes de amor me vem à mente. Pensando nela faço-me poeta, tenho uma fonte de inspiraçao que jorra palavras e construçoes bonitas cada vez em que penso na minha gatinha.

Quando nao penso nela, salvo-me pela boa memória. Ouço uma história interessante e consigo guarda-lhe os detalhes e dessa forma, faço da realidade o prego onde penduro meus contos e romances.

Sou inspirado nas geniais obras de Machado de Assis, Voltaire, Manu... Sou inspirado nas veracidades voraz e nos emocoes emocionantes. Sou uma máquina de fotografar que nada mais faz do que expor um belo já existente.

Já voce, Querida Manu, voce nao!
Enquanto eu preciso de um belo por do sol para tirar minha foto, vc faz poesia com um pedaço de muro velho caído no meio da estrada e tomado pelo mato. Vc abstrai o maravilhoso do ordinário, vc faz o sol se por em meio ao turbilhao.

Esse é a diferença entre um grande poeta e um escritor amador. O primeiro narra o mundo como ele é; o segundo narra o mundo como ele quer.

Voce é foda, Manu!!!

Saudades demais!!!!

luís disse...

Quem não tem poesia faz muros e destrói muros. Quem tem poesi... muitas vezes não faz nada. Ok, não dá pra ser tão rigoroso. Algumas crianças desavisadas do lirismo do muro sentam em cima dele, sem dó, sem maldade. E uma poetisa senta em cima do muro, olha pra árvore, balança as pernas, trisca o pé na lateral e arranca uma lasca. Isso prova que poetas pelo menos também destroem muros. E os eterniza. Nem que seja pela decadência.