quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Cemitério municipal

A primeira vez que passei em frente ao cemitério de Joinville foi no dia cinco de novembro. O cemitério estava repleto de flores, guirlandas, faixas e demais meios possíveis de homenagens póstumas.

Dez dias depois passei por lá de novo. Não que me interesse bisbilhotar, é que o cemitério fica no caminho de ida para a rodoviária, como se quisesse nos lembrar de que todos estamos aqui de passagem. Para minha surpresa, as flores permaneciam tão intactas quanto os horários dos ônibus. Levei um susto, afinal, que cemitério é esse que em plena Proclamação da República tem ares de Finados? Que flores são essas que mantêm o viço mesmo após serem retiradas do talo?

Como a velocidade do carro não era muita, apurei os olhos para procurar uma explicação. Uma brisa soprou, trazendo folhas secas ao pára-brisa e movimento às flores fúnebres. Nesse mesmo instante meu olhar murchou: as flores eram de plástico.

Um pequeno comentário bem-humarado disfarçou meu desapontamento para os outros passageiros do carro. Mas confesso que flores eternas onde jazem vidas extintas me pareceu uma brincadeira de mau gosto. Sem querer, minha decepção me conduziu pensamentos sombrios.

Qual a validade de homenagens assim?

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