segunda-feira, 4 de julho de 2011

Villanelle do fogo

(Villanelle dos condenados - fogo)

O orgulho nos saúda com um beijo,
eriça o ego protuberante
na fornalha ardente do desejo

É dele o fogo e todo o lampejo;
fervor constante, boca crispante:
o orgulho nos saúda com um beijo.

Armadilhados nesse cortejo
entramos, qual cavalo trotante,
na fornalha ardente do desejo.

Não percebemos, em tal ensejo,
as brasas que somos. Triunfante,
o orgulho nos saúda com um beijo.

Então ergo os olhos, enfim vejo
incinerar-se o destino errante
na fornalha ardente do desejo.

Molha-me, toda água do Tejo!
Todavia não és o bastante...
O orgulho nos saúda com um beijo
na fornalha ardente do desejo.

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