quarta-feira, 23 de abril de 2008

Felicidade

"A má comunicação", ele me disse.
"A falta de disposição para que a comunicação de fato torne as coisas comuns", desdobrei.

E no meio de todo aquele verde no campus, meus pensamentos tomaram corpo. Rente a nós, numa só bicicleta, passou um casal conhecido. E foi justamente o fato de o conhecermos que tornou o momento ricamente plurissignificativo.

Aquele casal, tão jovem, vivia um dos melhores momentos de sua vida, e talvez nem tenha se dado conta disso. Eles, que nos reconhecem de costas e a muitos metros de distância, passaram ao nosso lado e nem notaram, tão imersos em seu passeio, no equilíbrio da bicicleta e um no outro.

A poesia da vida estava exuberante naquela hora. Não só por eles, por nós também. Nós quatro vivíamos fagulhas de eternidade, que só ocorrem no repente, improgramáveis. Despretenciosas.

E num átmo percebi a beleza da juventude, da amizade, do amor. A felicidade nos sorria, não a ignorei. E ela era linda, etérea sobre nós.

Circunstâncias tão diferentes, motivações e contextos. Os dois, ele, eu, os quatro envolvidos nas diferenças, tran(re)spirávamos o mesmo: felicidade destilante com cheiro de pitanga.Talvez esse post seja incompreensível caso você não seja ele ou eu. Talvez nem ele mesmo compreenda.Talvez pareça raso, apesar de toda sua profundidade microcósmica.

Mas, afinal, para quem escrevo? Que se publique a felicidade, ainda que incompreensível ou incompreendida.

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