segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Cangalha

Dá no burro, dá na cangalha
No galope da estrada suspira o matuto
Dá no burro, dá na cangalha
A esperança afiada, o terreno fajuto

Dá no burro, dá na cangalha
O sol escaldante, o forro surrado
Dá no burro, dá na cangalha
O peito arfante, o solo esfolado

Dá no burro, dá na cangalha
O riso abafado, a semente caída
Dá no burro, dá na cangalha
O chão ressecado, a folha torcida

Dá no burro, dá na cangalha
A colheita frustrada, o cesto vazio
Dá no burro, dá na cangalha
A boca fechada, a ausência de brio

Dá no burro, dá na cangalha
No galope da estrada se cala o matuto
Dá no burro, dá na cangalha
A foice amolada, o chão devoluto

Dá no burro, dá na cangalha
O trabalho se encerra, a dor desatina
Dá no burro, dá na cangalha
O silêncio da terra, o canto da sina.

Nenhum comentário: