Dá no burro, dá na cangalha
No galope da estrada suspira o matuto
Dá no burro, dá na cangalha
A esperança afiada, o terreno fajuto
Dá no burro, dá na cangalha
O sol escaldante, o forro surrado
Dá no burro, dá na cangalha
O peito arfante, o solo esfolado
Dá no burro, dá na cangalha
O riso abafado, a semente caída
Dá no burro, dá na cangalha
O chão ressecado, a folha torcida
Dá no burro, dá na cangalha
A colheita frustrada, o cesto vazio
Dá no burro, dá na cangalha
A boca fechada, a ausência de brio
Dá no burro, dá na cangalha
No galope da estrada se cala o matuto
Dá no burro, dá na cangalha
A foice amolada, o chão devoluto
Dá no burro, dá na cangalha
O trabalho se encerra, a dor desatina
Dá no burro, dá na cangalha
O silêncio da terra, o canto da sina.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário