terça-feira, 14 de abril de 2009

O Paraibuna me disse não

Há sete meses não ia a Juiz de Fora, e senti um leve tremor ao passar por baixo do viaduto que leva à universidade. A familiaridade das ruas, do biotipo e da indumentária das pessoas me fez colar o rosto na janela. A sensação era de quem chega em casa tendo esquecido as chaves.

Desceria na rodoviária. Para quem não conhece o trajeto de quem vem do Rio, ao fim da Independência, atravessa-se uma ponte que desemboca na Av. Brasil. Bem ao lado fica o Paraibuna. Naquele dia, a noite era clara e as águas sempre escuras brilhavam inquietantemente, como num reflexo de minhas pulsações. Não havendo em que fixar as ideias, comecei a observar o rio, com mais olhos que de costume.

O ônibus e a água corriam paralelos ao longo da avenida reta. Comecei a sentir certa angústia, aquela fluência tão vívida parecia me dizer alguma coisa. O ônibus me levava o corpo e o Paraibuna, os pensamentos - com a mesma velocidade e em direções opostas.

O rio fluía me descortinando. Em poucos minutos, meus anos de vida juizforana se tornaram mais límpidos que a própria claridade daquela lua cheia. Acreditem ou não, quatro bexigas coloridas (daquelas bolas de aniversário) flutuavam no leito rio, silenciosas. Da comemoração de onde vinham, agora só restava o ar que as inchava e as cores alegres agora solitárias. Foi quando entendi que o Paraibuna me disse não.

Sim, bebi daquelas águas. Mas agora é chegado o tempo de deixá-las verter.

Um comentário:

Lex disse...

Ainda que o Parahybuna tenha te dito no, no, no, e você despauteradamente tenha aceitado, vou lá brigar com ele!