quarta-feira, 3 de junho de 2009

Primeiro parágrafo e uma frase de uma história para mais tarde


(Esse texto foi feito para ser interpretado. Na falta de atores, por favor, leia pausadamente.)


O coração sempre tem uma ferida aberta, caso contrário, não verteria sangue noite e dia. Entretanto, é graças a essa ferida sem cicatriz que há vida circulando nas veias. Vivemos em função de nosso fluxo hemorrágico, ora concentrado no peito, ora no cérebro, ora no estômago, ora nas miudezas. E se o sangue deixa de permear os detalhes de nossa existência, apodrecemos, tornando-nos adubo para o sangue pálido das plantas. Sem ferida não há sangue, nem vida.

Esta é a história da sangria de Luzia.

2 comentários:

Eliúde Damásio disse...

Que lindo!

Lex disse...

Manu, você acabou de dar licença poética para que nós, homens, menstruemos e tenhamos TPM. Obrigado.