terça-feira, 3 de março de 2009

Mr. Mailman

O carteiro que trabalha na minha rua é amigo de infância do meu pai. Quando eles se encontram, ou meu pai finge chateação por só chegarem contas e nenhuma carta, ou o carteiro comenta das peladas no campinho da Central , ou uma essas generalidades de velhos conhecidos. Ele me conhece por tabela sem nunca ter puxado papo, creio que por respeito à ausência do meu pai nos horários comerciais.
Mas sabe que ontem ele falou comigo? É que chegou uma encomenda pra mim, e lá de dentro ouvimos: "Carteiro! ". Eu apareci na porta descalça, e, quando ele percebeu, caminhou até a varanda para me entregar o pacotinho, assim mesmo, por livre e espontânea vontade, só para eu não pisar na grama. Depois desse gesto de delicadeza, olhou meu nome no envelope e disse: "Aí, Manueli, hoje você está acordada! Que bom!" Dei um sorriso amarelo de quem não entendeu nada e ele explicou: "Semana passada eu cheguei aqui e você estava dormindo na rede. Vim bem devagarzinho colocar a carta na caixa só pra você não acordar. Você dormia tão solta que até suspirava..." E deu um sorrisão. Fiquei tão boba com isso que nem consegui continuar a conversa. Da janela do quarto, minha mãe acenou, e recebeu o cumprimento de volta. Assinei a folhinha e entreguei pra ele, que ainda com o sorriso, montou na moto e se despediu. Fiquei com o pacote na mão olhando pra estrada. Tomara que na quarta-feira ele passe aqui em casa por volta das quatro e meia da tarde. Vou até oferecer um cafezinho pra ele.

Nenhum comentário: